quarta-feira, 24 de agosto de 2011

um nobre ex morador de paquetá

Manuel José de Araújo Porto-alegre,[1] primeiro e único barão de Santo Ângelo (Rio Pardo, 29 de novembro de 1806Lisboa, 30 de dezembro de 1879), foi um escritor do romantismo, político e jornalista (fundador de várias Revistas, dentre elas a "Revista Guanabara", divulgadora do gênero literário romântico e "Lanterna Mágica", publicação de humor político) , pintor, caricaturista, arquiteto, crítico e historiador de arte, professor e diplomata brasileiro.

Biografia

Filho de Francisco José de Araújo e de Francisca Antonia Viana, seu nome de batismo era Manuel José de Araújo, modificado para Pitangueira por espírito nativista, quando da Independência e, mais tarde, chegando à forma definitiva: Manuel de Araújo Porto-alegre, sendo utilizada a grafia Manuel de Araújo Porto-Alegre por alguns biógrafos.
Porto-alegre chega ao Rio de Janeiro em janeiro de 1827, para matricular-se na Escola Militar do Rio de Janeiro. Estando, porém, a escola fechada, em férias, e como tinha noções de pintura e desenho (tendo sido, inclusive, pintor de cenários de teatro), ele se matricula na Academia Imperial de Belas Artes, na qual foi aluno de Jean Baptiste Debret.
Em 25 de julho de 1831, Porto-alegre viaja para Paris, em companhia de seu mestre e amigo Debret, que deixava definitivamente o Brasil. Na Europa, estuda na Escola de Belas Artes de Paris e viaja pela Itália, Inglaterra, Países Baixos e Bélgica. Volta para o Rio de Janeiro em maio de 1837 e passa a desenvolver atividades variadas como arquiteto, professor de desenho, poeta e, inclusive, crítico e historiador de arte, área na qual também é considerado como fundador da disciplina no Brasil.
Patrono da cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, Araújo Porto-Alegre ganhou nome de rua na cidade do Rio de Janeiro, justamente a rua onde fica a sede da histórica Associação Brasileira de Imprensa

Herma ao Barão de Santo Ângelo na Praça da Alfândega, em Porto Alegre.

Armas do barão de Santo Ângelo, as mesmas do ramo nobre português da família Araújo.
Manuel de Araújo Porto-alegre foi vereador no Rio de Janeiro, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e nomeado diretor da Imperial Academia de Belas Artes em 1854, cargo que ocupou até 1857, quando iniciou sua carreira diplomática, primeiramente na Prússia, depois em Dresden (1860) e Lisboa, onde chegou em 1866 e permaneceu até sua morte. Em Lisboa recebeu o imperador do Brasil Dom Pedro II, quando este saiu em viagem de férias pelo mundo.
Em 1865, exercendo função diplomática em Dresden, Alemanha, Porto-alegre escreveu uma carta a seu amigo Joaquim Manuel de Macedo, que era professor dos filhos da princesa Isabel de Bragança, na qual ele se declara espírita e fala de suas psicografias recebidas do Plano Espiritual, revelando que a princesa Isabel, católica, lhe perguntou "quem é meu espírito protetor?". A carta se encontra arquivada no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, e contém 12 páginas manuscritas, correspondência essa que foi publicada na íntegra, com análise circunstanciada, no livro "Barão de Santo Ângelo, O Espírita da Corte" (Editora Lorenz), de autoria do jornalista Paulo Roberto Viola.[2]
Em 1874, Porto-alegre foi agraciado pelo imperador do Brasil D. Pedro II com o título nobiliárquico de barão de Santo Ângelo, com brasão de armas. Como todos os outros nobres do império, todavia, não teve seu título e brasão transmitidos a seus descendentes. O brasão utiliza as mesmas armas do ramo nobre português da família Araújo,[3][4] da qual Porto-alegre descendia.
Todos os descendentes do barão de Santo Ângelo não utilizam mais o sobrenome Araújo, vindo a adotar Porto-alegre como sobrenome.
Seus restos mortais foram trazidos ao Brasil em 1922.

[editar] A primeira charge


A primeira caricatura do Brasil.
Porto-alegre foi o primeiro artista a publicar uma caricatura no Brasil.
Entre 1837 e 1839, de volta de sua viagem à Europa, Manuel de Araújo Porto-alegre produziu uma série de litografias satíricas que eram vendidas em unidades separadas nas ruas do Rio de Janeiro. A primeira, intitulada A campainha e o cujo, circulou em 14 de dezembro de 1837, vendida por 160 réis, mas não fora assinada (sua autoria só seria reconhecida posteriormente) e apresentava Justiniano José da Rocha, diretor do jornal Correio Oficial, ligado ao governo, recebendo um saco de dinheiro.
Nesse mesmo ano, o artista escreveria a peça Prólogo dramático, podendo, pois, ser considerado, sem grande margem de erro, o primeiro dramaturgo brasileiro, já que tanto o Barroco como o Arcadismo, além da fase inicial do próprio Romantismo, foram, na literatura, movimentos eminentemente poéticos.
Porto-alegre lançou ainda, em 1844, a revista Lanterna Mágica, primeira publicação de humor político da imprensa brasileira, que circulou por onze edições, incorporando a charge e a caricatura, que deixaram assim de ser vendidas separadamente. A publicação, que tinha o subtítulo Periódico plástico-filosófico, apresentava dois personagens que criticavam as situações do momento, Laverno e Belchior, à semelhança dos tipos Robert Macaire e Bertrand, criados pelo caricaturista francês Honoré Daumier e que tinha em Rafael Mendes de Carvalho seu principal desenhista.
Também deixou outras obras, entre elas, Colombo, Brazilianas e a Estátua Amazônica.

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