quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

mais sobre a história do choro em paquetá

Foto histórica de chorões em Paquetá, em 1906.

Desta vez objetivo resgatar um pouco da história e da música de alguns dos “Chorões dos Primeiros Tempos” - muitos deles totalmente esquecidos e/ou pouco mencionados, inclusive na literatura pertinente à temática.


JOAQUIM LUIZ DE SOUZA


Nascido em 1865, começou a estudar trompete no Ceará, com o mestre de banda Soares Barbosa, e chegou a ser contramestre da Banda do 23º Batalhão de Caçadores de Fortaleza (CE). No Rio de Janeiro, participou da Banda do Arsenal de Guerra e, convidado por Anacleto de Medeiros, fez parte da primeira formação da Banda do Corpo de Bombeiros.

Assim como os outros chorões da época, frequentava a famosa loja Cavaquinho de Ouro e integrava o rancho Ameno Resedá.

Chegou a gravar alguns discos para a Casa Edison à frente do seu grupo instrumental. Entre suas composições as mais conhecidas são “Clélia” e “Corroca”. A primeira, depois que recebeu letra de Catulo da Paixão Cearense, passou a se chamar “Ao Desfraldar da Vela”; a segunda passou muito tempo no anonimato, mas em 1948 foi gravada por Pixinguinha, no sax tenor, e Benedito Lacerda na flauta, e relançada em 1988, em LP com o nome dos dois intérpretes.

Luiz de Souza faleceu no Rio de Janeiro, em 1920.

“Corroca”, de Luiz de Souza, na interpretação de Alencar 7 Cordas (violão de 7 cordas), Reco do Bandolim (bandolim), Américo e Niromar (violão de 6 cordas), Francisco de Assis (cavaquinho) e Pinheirinho (pandeiro).
IRINEU GOMES DE ALMEIDA – IRINEU BATINA

Trombonista / Compositor / Solista de Oficleide e Bombardino.

Nascido e falecido na cidade do Rio de Janeiro, há controvérsias nas datas:
1870-1916, no livro “Um Sopro de Brasil,” organizado por Myriam Taubkin;
1873-1916, Haroldo Costa, no livro “Na Cadência do Samba”;
1863-1914, no texto do encarte do LP “Choro – Aos Mestres com Carinho”, de José Silas Xavier.

[...] “Conforme nota do professor Baptista Siqueira incluída no livreto que acompanha o disco ‘Músicas de Sempre’, da Sociedade Cultural e Artística Uirapuru, baseada em assentamentos da Santa Casa de Misericórdia, ‘Irineu Gomes de Almeida, 51 anos, viúvo, faleceu no dia 28 de agosto de 1914’. Pela nota do professor Baptista Siqueira ficamos sabendo que Irineu de Almeida nasceu em 1863”.

Irineu Batina – tinha esse apelido por causa da sobrecasaca comprida que usava sempre – foi morador do porão da Pensão Vianna, no bairro do Catumbi, onde Pixinguinha morava e de quem foi professor de flauta.

“Esse menino promete”, dizia Irineu Batina. E não é que ele acertou na mosca?!


Irineu Batina atuou na Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, o principal agrupamento musical da cidade no início do século XX, dirigida por Anacleto de Medeiros, tocando bombardino.

Nas companhias líricas, seu instrumento era o trombone.

Nos grupos de choro que começavam a se formar, Irineu tocava oficleide: instrumento composto por trompa com chaves e bocal, muito usado no século XIX e, posteriormente, substituído pela tuba.

Foi com o oficleide que participou da primeira gravação de Pixinguinha, como membro do grupo Choro Carioca, e que tinha Pixinguinha na flauta.

A composição “Procura-se o Oficleide”, de Carlos Malta, foi feita em homenagem a Pixinguinha e Irineu Batina.


“Sim, é uma homenagem, porém a mais de uma pessoa. Além de Pixinguinha, eu quis homenagear um dos mestres de Pixinguinha, um virtuoso do oficleide chamado Irineu Batina”.


“Qualquer Coisa”, com Fernando Henrique Machado (clarineta/sax tenor), Alencar 7 Cordas, Américo e Niromar (violão de 6 cordas), Chico (cavaquinho) e Pinheirinho (pandeiro).


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