Caos no hospital de Paquetá: população da ilha pede socorro à prefeitura
Gustavo Ribeiro | Rio+ | 07/05/2012 15h30
Os
moradores da Ilha de Paquetá, bairro localizado na Baía de Guanabara,
na cidade do Rio, vão promover, no próximo sábado, o 1º Conselho
Distrital de Saúde da região. O objetivo é discutir soluções para os
problemas do serviço hospitalar do único posto de atendimento médico do
local, a Unidade Integrada de Saúde Manoel Arthur Villaboim (UISMA
Villaboim), pertencente à rede municipal. Membros do Conselho de Saúde
do município também farão uma visita à unidade no mesmo dia, às 10h,
para averiguar as denúncias.
O evento será promovido pela Associação de Moradores Morena no clube
do PEC (Paquetá Esporte Clube) às 15h. As principais preocupações do
grupo incluem a precariedade do serviço de remoção de pacientes para o
continente e a quantidade insuficiente de médicos lotados na unidade. O
publicitário Antonio Carlos da Silva, de 61 anos, declarou ao SRZD
que as necessidades de Paquetá já são cobradas às autoridades públicas
há anos, mas os esforços têm sido em vão. "(A prefeitura) Diz exatamente
o que foi dito quando uma comissão de moradores procurou o prefeito:
‘Lá vêm esses velhos de Paquetá me encherem o saco’ (ouvido por três
pessoas que faziam parte desta comissão). E não atendeu a nenhuma
reivindicação solicitada na época", denunciou o morador, indignado.
Antonio Carlos revelou ainda que a clínica não tem médicos
especializados em áreas como reumatologia, geriatria, ortopedia e
dermatologia. Por isso, segundo ele, a população majoritária da ilha,
65% idosos com mais de 60 anos, acaba desassistida quando enfrenta
problemas de saúde, já que casos de osteoporose e fraturas são
recorrentes nesta faixa etária. "Os profissionais da Unidade se esforçam
ao máximo para nos atender bem, mas não temos determinadas
especialidades e nem sempre o ilhéu é atendido no Rio, isso quando as
consultas não são marcadas para dois ou três meses após", disse.
Despreparo estrutural
Dezenas de publicações na rede social Facebook relatam histórias de
paquetaenses que já precisaram ser socorridos em estado de emergência e
não puderam contar com o aparato tecnológico e humano necessário para
suas efermidades. A professora de Sociologia Fátima Praxedes, de 50
anos, sentiu na pele o despreparo da unidade quando foi passar o
Carnaval deste ano na casa de praia com o marido, o economista Rosivaldo
Praxedes, de 57.
Ela contou ao SRZD que Rosivaldo começou a passar mal às 17h30
de sábado e não conseguiu atendimento porque o único médico presente na
enfermaria prestava auxílio a um idoso que havia levado um tombo
durante um bloco de rua. Uma sobrinha médica os acompanhou ao hospital
e, com a ajuda de uma enfermeira, efetuou os primeiros socorros. "Todos,
inclusive o médico, estavam loucos atrás de remoção para o primeiro
paciente. Como já eram quase 18h, disseram que o helicóptero não viria
pois não voa à noite. O funcionário do hospital disse que a lancha do
bombeiro, via de regra, não atende", desabafou a esposa.
Segundo ela, nem o esposo nem o outro senhor conseguiram um meio de
remoção, e precisaram ser transportados na barca de 20h30. "O médico e
uma enfermeira vieram na barca acompanhando os dois pacientes naqueles
assentos duros. Meu marido tomou uma injeção na barca porque estava com a
pressão altíssima e vomitando sangue pela boca. Foi uma hora e vinte
minutos mais longos da minha vida, até que chegamos ao Rio e fomos para o
hospital do convênio. Enquanto isso, o hospital ficou sem médico".
Resposta da Secretaria Municipal de Saúde
Procurada pelo SRZD, a Assessoria de Comunicação Social da
Secretaria Municipal de Saúde informou que a UISMA Villaboim "oferece à
população da Ilha de Paquetá atendimento de urgência 24 horas por dia,
com os serviços de clínica médica e pediatria […] e, em caso de
necessidade, os pacientes são encaminhados ou transferidos, por lancha
ou helicóptero do Corpo de Bombeiros, para um hospital de referência ou
para consultas com especialistas". A Secretaria esclareceu ainda que a
unidade não oferece serviços hospitalares e o atendimento ambulatorial
conta com duas equipes compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem e agentes de saúde.
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